claudemir pereira

Quem embarcará (ou não) na 'nau da traição'

Claudemir Pereira

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: divulgação
Certo, certo meeesmo, é o Jorge Trindade (à esq.). Mas tem também o João Ricardo Vargas (ao centro) e o Alemão do Gás (à dir.)

Em ordem alfabética: Adelar Vargas (MDB), Deili Silva (PTB), João Kaus (MDB), João Ricardo Vargas (PSDB), Jorge Trindade (Rede), Juliano Soares (PSDB), Leopoldo Ochulaki/Alemão do Gás (PSB), Luci Duartes (PDT), Ovídio Mayer (PTB).

O que têm em comum esses nove nomes, para além do fato de serem vereadores (um suplente) em exercício no parlamento? Sem suspense: todos, em algum momento, nos últimos dois anos, foram especulados fora de seu partido agora, às vésperas da eleição de 2020.

A questão é: após tanto diz-que-diz, ou, como se fala nos bastidores, para "pegar preço político", quantos e quais, afinal, vão embarcar na nau da traição, que passará por aqui entre os dias 5 de março e 4 de abril, dando condições aos "passageiros" de concorrer em outubro sem perder mandato.

A seguir, com base em depoimentos dos próprios, ou mesmo das proximidades de cada um, o escriba ousa fazer seu prognóstico acerca das mudanças de partido. Acompanhe:

MUDARÁ. Apenas Jorge Trindade está absolutamente certo. Seu Rede não tem a mínima estrutura para bancar uma recandidatura. Só o que ainda não se sabe é para onde irá. Fala-se em Republicanos, PSB, PDT e até o PT, de onde já saiu.

DEVE MUDAR. Após muitos ensaios, discursos (e ações) de descontentamento, João Ricardo Vargas, eleito pelo PSDB, tende a confirmar sua saída. Mais que isso: é dada como certa a adesão ao Partido Liberal (PL).

DEPENDE. Espera-se, a qualquer momento, a definição de Leopoldo Ochulaki, o Alemão do Gás. Ele tende a deixar o PSB. Mas pode continuar. Dependerá da decisão a ser tomada conjuntamente com sua chefe de Gabinete, Adriana Trindade Vargas, que, ela sim, deve concorrer à Câmara.

QUER, MAS... João Kaus está "pê" da vida com o MDB. É suplente, mas só sairá da Câmara se Marta Zanella voltar, o que não está certo. Até, talvez, quisesse sair, mas não tem muita alternativa, do ponto de vista eleitoral. Então, a tendência é que continue. Mas...

SÓ FUMAÇA. Nessa "categoria" está o restante dos nomes citados. Em algum momento, falou-se em troca. No entanto, hoje, a adesão à traição perdoada pela lei é para lá de improvável. Dizer que não sairão, só no dia 5 de abril. Mas, hoje, ninguém acredita nisso. São os casos de Luci Duartes e Adelar Vargas (destinos nunca citados), Ovídio Mayer (que iria para o PP), Deili Silva (Republicanos?) e Juliano Soares (Novo?).

Na política, é difícil afirmar qualquer coisa. Melhor ficar de olho até o último momento. Para ficar só num exemplo, em 2003, quando o prazo para mudar era 31 de outubro, foi ali, ou na sua beirada, que Werner Rempel deixou o PMDB, foi ao PT e virou vice-prefeito de Valdeci Oliveira. 

Jader Maretoli e a busca do voto além-religioso 
Se houve surpresa na eleição majoritária de 2016, ela atendeu pelo nome Jader Maretoli (foto). Desconhecido do grande público, "atropelou" e fez 19.487 votos, atrás apenas dos grandões Fabiano Pereira (PSB), Valdeci Oliveira (PT) e Jorge Pozzobom (PSDB). Concorrendo pelo pequeno Solidariedade (mas apoiado por várias siglas menores e médias, todas com algum pé na fé evangélica), derrotou, por exemplo, Marcelo Bisogno, do PDT. 

Passados quatro anos, agora no Republicanos (ex-PRB) e mais escorado, será outra vez candidato. Sua pré-campanha inicia dia 6, sexta-feira, com uma convicção: para ter alguma chance, precisará, necessariamente, ir além do voto religioso. Afinal, ele quer liderar uma cidade, não um púlpito.

Ah, para mostrar que está buscando ampliar seus costados políticos, no mesmo dia, ocorrerá o anúncio da chegada de vários novos filiados, inclusive um, o delegado federal Getúlio de Vargas, que é aposta grandona do Republicanos para a Câmara, além do já vereador Alexandre Vargas.

Punhado de ex-petistas na lida eleitoral 
Um petista, aliás candidato à vereança pela primeira vez, chamou a atenção do colunista:  

- Você viu a quantidade de políticos importantes no pleito e que têm origem política (ou pelo menos eleitoral) no PT? - perguntou.

E seguiu: - Ou, num caso ao menos, teve o mais importante cargo público filiado à legenda de Lula?

Pois, que se diga: é uma realidade. Não indica nada, exceto a curiosidade, mas ela vale, sim, politicamente. E quem são esses nomes?

Há três ex-candidatos a prefeito, dos quais um será outra vez, com certeza. São o ex-líder do governo Valdeci Oliveira, Marcelo Bisogno (foto, PDT), o ex-vereador, secretário (municipal e estadual) e deputado Fabiano Pereira (PSB) e o ex-vereador e vice-prefeito (de Valdeci), Werner Rempel (PC do B).

Completa a lista o ex-vereador (que, como Rempel, também presidiu a Câmara) Luiz Carlos Fort, hoje no PL.

De todos, dois são, certamente, concorrentes agora: Bisogno, que disputará a prefeitura, e Rempel, que buscará novamente vaga de vereador. Fort e Fabiano, ao que se sabe, estariam fora do pleito. Mas é melhor não descartar nada.

LUNETA

MULHERES
Partidos preocupados com a questão das candidaturas femininas. Por conta da lei, para garantir toda a lista (33 nomes), terão de contar com 11 mulheres. E não podem ser "laranjas", pois Justiça e adversários estão de olho. Há quem tenha só seis nomes femininos garantidos. Nesse caso, só poderá colocar 13 homens, e reduz-se em um terço a possibilidade de fechar a relação. Ainda há quatro meses para fechar o time. 

ESFORÇO
Aparentemente, os tucanos não dão como favas contadas a saída de vereador João Ricardo Vargas do partido, como ele próprio já declarou, inclusive informando que seu destino deve ser mesmo o Partido Liberal (PL). O governo faz último esforço visando a manutenção de um quadro considerado importante. Tanto que o PL, se ficar a pé, terá dificuldade de encontrar reforço do mesmo tamanho político-eleitoral. 

ALIANÇA FORA
Dirigentes nacionais já jogaram a toalha. O Aliança, partido de Bolsonaro, não estará criado até 4 de abril e, portanto, fica fora do pleito municipal. Concentrará forças para bancar a tentativa de reeleição em 2022. Segundo o TSE, até esta semana, a agremiação apresentou (e estão sob análise) 66.252 assinaturas. Até aqui, só 3.334 foram validadas e 12.198 já foram consideradas inaptas. E são necessárias 492 mil. 

DE 400 A 500
Se todos os 30 partidos com existência legal em Santa Maria apresentassem o número máximo de candidatos, a cidade teria 960 concorrentes à Câmara. Esse número, porém, deve se reduzir a, quem sabe, entre 400 e 500 - o que já será extraordinário. Inclusive porque 13 siglas têm menos de 100 filiados. E ao menos seis sequer contam com alistados no número máximo de candidatos permitidos. 

PARA FECHAR!
Como disse um dirigente de partido médio ao colunista, na quinta-feira: "todo mundo ainda está conversando com todo mundo. Alguns já sabem o que querem, só não deixam de papear". E daí? Daí que, nesse contexto, por exemplo, já há gente no PT que entende ser possível mais uma vez aliar-se com o PC do B, parceiro histórico. Os comunistas do B, no entanto, parecem bem mais próximos do PSB e do PDT. Por enquanto.



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